Olá amigos! No meu último artigo falei sobre o transtorno explosivo intermitente (T.E.I.) do Hulk e muitos leitores me mandaram mensagens assim:
-“E os outros super-heróis? Do que eles, teoricamente, estariam sofrendo ?” – A maioria queria mesmo era saber quais seriam os aspectos psicológicos do poderoso e perfeito super-homem neste imbróglio das possíveis psicopatologias. O que de imediato, gostei e comprei a sugestão de vocês e, aqui estamos e vamos juntos neste divertido ensaio lúdico.
Mas, antes de qualquer outra coisa, quero que você saiba que o estrondoso homem de aço foi construído na ficção misturando aspectos diretamente relacionados com Jesus Cristo e os deuses gregos. Vejamos:
No seu histórico, o super-homem foi enviado por seu pai (Jor-El) e, uma vez chegando aqui, passou a ter novos pais adotivos que lhes definiram uma nova origem, algo mais humilde. No entanto, trazendo no seu interior psíquico a vontade férrea de fazer o bem, estimulada pela herança mnemônica do verdadeiro pai biológico em Kripton, algo que o seu pai humano manteria com requintes de super proteção. Já na fase adulta, ao começar a sua verdadeira missão, ele precisou morrer e ter uma ressurreição. Percebeu alguma semelhança com Jesus? E posso lhe garantir que não foi apenas uma mera coincidência, viu? Mas uma manipulação genial do inconsciente coletivo cristão dos criadores desse personagem.
Mas não vou parar a minha análise por aqui, porque ainda temos o arquétipo do herói da antiguidade que também está muito presente nesta saga advinda da fértil mitologia grega clássica com os seus significados teológicos e culturais que ainda são muito atuais na sociedade moderna.
Na mitologia antiga, o grande filho de Zeus era Hércules, aquele que sofria emocionalmente pela sua separação entre uma família terrestre e a sua família divina. Uma vez na Terra, Hércules tinha uma força sobre-humana que usava para proteger e deixar o mundo mais seguro para os simples mortais. Nenhuma coincidência até aqui, será mesmo?
Mas em termos de Psicologia, qual foi o resultado nos quadrinhos e nos filmes criados na mente de Joe Shuster e Jerry Siegel em 1938? Muita bipolaridade! Pois o nosso herói vem vivendo uma cascata de instabilidade emocional intensa desde os anos 30, ao enfrentar inúmeros supervilões com explosões de raiva e tristeza profunda numa gangorra emocional que o faz buscar incessantemente pelo isolamento sensorial e se esconder do seu verdadeiro “Eu”, que é o seu inimigo mais perigoso. Foge até da mulher (Loise Lane) que ele ama intensamente e por ela também é amado. Mas o herói prefere continuar “usando” uma roupa do tipo fantasia infantil (criança interna) que o torna mais visível ainda diante do mundo (contradição), além de um óculos mágico que ao ser retirado, ninguém mais o reconhece, revelando por tabela, o lado esquizofrênico de uma sociedade que só enxerga aquilo que deseja ver e prefere ignorar alguns fatos, apesar das evidências.
Não posso deixar de mencionar aqui os traumas da infância do super-homem que também geraram ações heroicas e até vingativas (ainda que mascaradas) de forma alternada na sua vida adulta. Os seus superpoderes são meras metáforas simbólicas que trazem à tona o gigantesco vazio existencial do ser humano diante do desconhecido (medo) muito presente também nas pessoas comuns que clamam por um “libertador mágico” que as libertem imediatamente dos tiranos, dos perigos e das fatalidades na vida real, sem que elas mesmas possam se auto implicar, uma vez que poderiam assumir a mesma missão do libertador, mas com as suas ferramentas disponíveis, seria algo muito mais realista do ponto de vista daquele que assume as suas responsabilidades no mundo real e as põe em prática de forma independente, isto é, sem um salvador.
Superman é a típica projeção antiga de um ideal humano impossível de se alcançar, junto com todos os nossos defeitos, faltas e impotências comuns ao homem de carne e osso que deseja simplesmente ser bonito, forte e com um “super” apelo sexual diante daquelas mulheres que deseja conquistar, mas como não consegue realizar as suas façanhas (fantasias) na vida real, não lhe resta muitas opções, salvo nos sonhos ou comprando um bom ingresso para o próximo filme nos cinemas, só para ter o mundo todo novamente aos seus pés com uma boa ajuda da projeção mental.
Conclusão:
Antes de você soltar o “super-homem” que habita a sua imaginação, procure ser uma criatura mortal mais bem resolvida com você mesmo, tratando os seus traumas emocionais do que ser apenas um super-homem ou uma super-mulher que nunca sentou no divã de um psicólogo, pois tem medos demais acumulados para fazer isto e, no fim, acabam escolhendo apenas o sofrimento para fugir das suas realidades avassaladoras.