Você saberia me dizer o que é uma T.E.I. ?
Não? Geralmente é uma sigla conhecida entre os psicólogos no CID-10, correspondendo ao código F63 para podermos nomear o “transtorno Explosivo intermitente” que assola milhões de pessoas em todo planeta.
Trata-se de uma raiva casualística, pois surge espontaneamente com a presença de alguns elementos deflagrados neste tipo de crise, sem maiores provocações externas. É um transtorno psicológico onde o indivíduo apresenta explosões emocionais quando se sente agredido, frustrado ou com o seu espaço pessoal invadido. Tal condição tende a se apresentar por episódios frequentes, isto é, entre duas ou três vezes por semana ou por dois e três meses consecutivos nas crises mais agudas e, na maioria das vezes, esta situação o levará para a deflagração de um perigoso descontrole emocional, algo pueril em relação as proporções da poderosa descarga de energia desprendida com muita fúria e violência.
Qualquer um pode passar a sofrer dessas crises infames, são semelhantes a um curto circuito cerebral e, no fim de toda tempestade elétrica nos neurônios, com requintes de excesso de adrenalina despejada na corrente sanguínea, a mente e o corpo sofrem com uma “reação-resposta” de auto defesa desproporcional, transformando uma pessoa, aparentemente tranquila e boa em um terrível leão de pura ira para se defender de um “ratinho assustado”, mas que ele enxerga como se fosse um ameaçador “Tiranosauro Rex” vindo na sua direção e, fugir não é mais uma opção! Mas, lembre-se que para que tudo isto aconteça, esta pessoa só precisa se sentir ultrajada e na iminência de estar sendo atacada.
Uma vez desencadeada a crise, a pessoa não tem mais como interromper os seus ímpetos violentos, podendo quebrar objetos e perder totalmente o controle sobre si mesmo, liberando toda energia de uma única vez, como um vulcão em plena erupção.
No fim de cada crise, esses pacientes tendem a sofrer uma ressaca emocional com um tipo de amnésia dissociativa provocada pelo alto estresse descarregado durante a crise anterior, que agora o impede de recordar nitidamente daquelas informações importantes sobre o que realmente aconteceu, variando nesta falha mnemônica de pessoa para pessoa, que pode durar poucos minutos, décadas ou por uma vida inteira.
Curiosamente, este sintoma psicológico foi utilizado sabiamente pelo americano Stan Lee em 1962 para criar o poderoso personagem “incrível Hulk” da Marvel que reproduziu a maioria desses sintomas na sua versão fictícia dos quadrinhos daquela época e fazem muito sucesso até os dias de hoje no cinema.
Na vida real, este problema de saúde mental causa muitos danos corporais e morais, capazes de deixar vários tipos de sequelas para o portador de T.E.I. Além dos ataques desproporcionais citados acima, tudo tende para uma rápida expansão, acelerando a respiração e os batimentos cardíacos, gerando uma frenética ciranda de emoções desencontradas no cérebro.
Se a fonte externa que provoca a detonação do “pavio curto” permanecer ativa por muitos anos junto ao portador da TEI, o descontrole comportamental tenderá a cronificação para estágios mais perigosos, observando que mais objetos serão quebrados e arremessados. Nessas horas é possível notar o aumento na produção de suor e dos tremores no corpo de forma mais impactante.
Uma pessoa saudável poderia superar qualquer situação estressante em segundos e assumir o seu autocontrole, mas as vítimas deste transtorno no auge da sua crise, tendem a ter um aumento exponencial da força física, devido a gigantesca descarga psicofisiológica que ocorre no seu corpo e no seu cérebro, sofrendo uma espécie de tempestade elétrica neuronal, viabilizado pela iminência de uma ameaça potencial real ou irreal que ativa em todo sistema nervoso simpático (que são ramos nervosos que correm ao lado da medula espinhal) uma reação psicológica e bioquímica, refletida diretamente no aumento imediato da produção de cortisol e adrenalina pelas glândulas suprarrenais e observada no aumento dos batimentos cardíacos que se elevam enquanto a respiração diminui na contrapartida dos músculos que se contraem violentamente.
O transtorno explosivo intermitente pode se manifestar em homens e mulheres, especialmente na adolescência, podendo pular para a fase mais adulta também, trazendo grandes prejuízos para o paciente com potencial de cometer homicídios ou finalizar com um suicídio sem o tratamento adequado com psicólogos preparados para poder lidar corretamente com este transtorno, talvez seja necessário em alguns casos extremos, o auxílio de antidepressivos e tranquilizantes com o acompanhamento de um bom neurologista, perfazendo um trabalho multidisciplinar urgente para a possível reversão deste perigoso quadro clínico.